Já mudei de casa algumas vezes. Desde os tempos de faculdade até aos dias de hoje.
Acredito
que 'mudar' é uma atitude tão coerente quanto 'não mudar' - há os que
não mudam e vivem sem que nada perturbe a tranquila passagem do tempo. E
as tais paredes vão ganhando 'personalidade' [cada canto, cada móvel,
cada objecto, dia após dia, vai acumulando bocadinhos das nossas
vivências]. Mudá-los (mudar) implica largar esse 'timeline existencial' e abanar aquilo que muitas vezes já se transformou em comodismo.
Quantas
vezes podiamos ter seguido outro caminho e não o fizemos com medo de
perder algo importante - e mais vale um pássaro na mão... Quantas outras
vezes negámos o nosso primeiro instinto que nos diz: 'faz!', porque a
voz do nosso receio nos avisa: 'vai correr mal!' - e quem te avisa...
E
o que nos leva a desistir de coisas que nos fazem sentir-nos bem porque
achamos 'que não há sol que sempre dure...' e, por isso, é melhor ir já
para dentro...
É curiosa a forma como usamos os
nossos provérbios e acreditamos que resumem e traduzem muita da chamada
'sabedoria popular' - eu penso que reflectem a zona de conforto onde
muitos preferem viver. Porque, de facto, mudar dá uma trabalheira [e custa ficar longe de tudo e todos, mas é tãooo bom este gosto de conquista]... É
tão mais simples ficar quieto."